Conhecendo melhor os hormônios

Publicou: Unknown às 01:00
Regras da natureza
Os hormônios são essenciais para pôr ordem no organismo, embora sejam vistos, injustamente, como os vilões do excesso de peso. Conheça melhor o assunto com Marcello Bronstein, especialista em Endocrinologia e Doenças Metabólicas e professor do Hospital das Clínicas, SP.

O que são os hormônios e qual a importância para o corpo humano?
São substâncias químicas produzidas em glândulas especiais, as chamadas endócrinas ou de secreção interna, e liberadas diretamente na circulação sangüínea para agir em todo o organismo. Com o sistema nervoso, é elemento de integração – já que o nosso corpo é composto por muitas células – e precisa de uma determinada ordem para não crescer mais o pé esquerdo que o direito, por exemplo. Em resumo, os hormônios exercem o controle das mais variadas células para que tudo funcione bem.
"O hipotireoidismo raramente leva ao ganho de peso. Se por um lado o paciente tem o metabolismo mais lento, por outro, ele sente menos fome"
MARCELLO BRONSTEIN, ENDOCRINOLOGISTA

Quais os seus principais produtores?
As glândulas clássicas são a hipófise, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, os ovários, os testículos e o pâncreas. Mas, na verdade, o conceito de glândulas que produzem hormônios se estendeu muito. Hoje sabemos, por exemplo, que o estômago fabrica um hormônio chamado grelina, que dá a sensação de fome. Assim, o estômago também pode ser considerado uma glândula, da mesma maneira que o tecido gorduroso, que fabrica um outro hormônio chamado leptina, que, ao contrário da grelina, inibe o apetite, avisando ao cérebro que a pessoa já comeu o suficiente.

Que relação existe entre o descontrole hormonal e a obesidade?
É muito raro existir uma causa hormonal para a obesidade; essa porcentagem é menos de 5%. O mais comum é encontrar o motivo em outras situações, como hereditariedade, maus hábitos alimentares e falta de exercícios físicos. Quando descobriram a relação da leptina com a saciedade, os cientistas pensaram que o problema estaria resolvido, considerando que as pessoas gordas não deveriam ter o hormônio suficiente no organismo. Mas, ao contrário, verificou-se que a maioria dos obesos tem excesso de leptina em relação às pessoas com peso normal. Por outro lado, já existem algumas famílias descritas na literatura internacional que realmente tinham obesidade extrema causada por deficiência dessa substância. Algumas doenças, como, por exemplo, o excesso de cortisona no corpo, levam à obesidade, mas é uma situação muito particular e o paciente tem características clínicas do problema.

Quando alguém engorda demais, pode desenvolver distúrbios hormonais?
Sim. A obesidade pode levar a alterações, principalmente nos hormônios sexuais. A mulher começa a apresentar perturbações menstruais, como a amenorréia (falta de menstruação); e os homens têm uma diminuição de testosterona. Esses são fenômenos secundários ao excesso de peso.

As pessoas, normalmente, consideram que problemas com a tireóide são os grandes vilões para o emagrecimento. Isso é verdade?
Alterações na tireóide raramente levam a um excesso de peso importante. Se por um lado um paciente tem hipotireoidismo (dificuldade de funcionamento da tireóide), seu metabolismo é mais lento, por outro, ele também sente menos fome. Então, um problema compensa o outro.

Os alimentos termogênicos podem desregular o nível dos hormônios?
Não. Aliás, isso é bobagem. Qualquer alimento é termogênico e ajuda a queimar calorias. É por isso que quem faz uma dieta muito restrita diminui a produção de energia e pára de emagrecer, porque o organismo não sabe se você está fazendo regime ou se mudou para um lugar em que não há alimento suficiente. Não tem essa história de que a pimenta, pelo fato de ser ardida, queima mais caloria do que qualquer outro alimento.

As fórmulas para emagrecer com o hormônio tireoidiano podem fazer mal a quem não tem o problema?
Esse é um outro absurdo que eu condeno veementemente. O paciente com hipotireoidismo não deve tomar remédio para a tireóide, porque vai trocar seis por meia dúzia, já que a glândula deixará de produzir o hormônio. Se ele tomar uma dose excessiva tende a provocar um hipertireoidismo farmacológico. Além de apresentar um quadro de nervosismo, taquicardia, a pessoa perde mais músculos do que gordura. Sem contar que isso pode, também, causar arritmias graves, principalmente em indivíduos com idade avançada.

Os exames para verificar o funcionamento da tireóide devem ser parte da rotina médica?
Sim, é muito importante, porque a prevalência de doenças da tireóide não é pequena. Mas não é especificamente pela obesidade que necessita fazer um check-up tireoidiano.

Como define os benefícios da atividade física?
É fundamental. Os exercícios vão maximizar a função metabólica. Se alguém está fazendo uma dieta, o próprio organismo tende a diminuir o metabolismo. A atividade física, no caso, potencializa a perda de peso. Existem práticas esportivas melhores e piores, mas é importante escolher uma que a pessoa goste para incluir na rotina e não parar.
Fonte: Revista Dieta Já!




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